segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Notas: debate "Juventude em Marcha"

Pedro Costa
  • Branco um bocadinho terrível.
  • Estão a viver em casas que eles não fizeram. As cores eram deles e a organização do espaço era deles.
  • O filme é um encontro entre minha sensibilidade e a deles.
  • Este filme tem muitas cartas.
  • As cenas mais espontâneas, se é que algo vos parece espontâneo no filme, foram feitas muitas vezes. A cena em que a Vanda fala so seu parto foi filmada cerca de 30 vezes, palavra por palavra.
  • Os actores são reais, escolhem as falas e o cenário das suas cenas.
  • Um hospital parece-se muito com as casas em nós vivemos hoje em dia (disse o actor que fazia de coxo).
  • O que o Ventura está a ver na Gulbenkian é o que nós vemos no Rubens. As paredes por acaso têm um Rubens. A parede que ele fez. O problema é que nós nunca saberemos se ele está a gostar mais do Rubens ou da parede que ele fez.
  • As casas onde eles vivem são agora pequenos museus (baseadas nas casas das patroas das mulheres-a-dias cabo-verdianas).
  • Não penso que hajam intenções nos filmes em geral. É no trabalho que se descobre o trabalho.
  • É uma história que não vem de mim. Eu ponho coisas, vem da minha sensibilidade.
  • Não é um filme com personagens.
  • O trabalho que eles tiveram para tentar, talvez, passar um segundo da vida deles, de emoção, de sentimento...
  • Nunca acreditei em personagens no cinema, não acho que existam.

Manuel Graça Dias
  • O cenário parece muitas vezes estúdio (a primeira cena parece ópera). As barracas são feitas de madeira como os cenários, com uma escala muito pequena.
  • Cada vez que se representa uma cena num sítio, o ponto de vista é sempre o mesmo, por isso, o nosso olhar fica muito condicionado (as barracas são pequenas e os apartamentos exíguos e desinteressantes).
  • Contraste entre o tijolo à vista e os planos brancos.
  • (Barracas) Portadas das janelas sem vidros, remete para a Idade Média.
  • Dorme-se no chão tanto na barraca como na casa nova.
  • Há uma situação interessante que não os objectos da casa da Vanda, que ela recolhe do lixo (globo do séc. XVI da Almirante Reis e o lustre).
  • "Nunca chegaram a pintar a Gulbenkian..." (depois de P. Costa ter dito que o Ventura queria ir à Gulbenkian ver se o patrão ainda lá estava, como se as obras ainda continuassem)
  • "Não concordo que a má arquitectura imponha um estilo de vida. O estilo de vida somos nós que o fazemos. O nosso estilo de vida pode ser num edifício pombalino [que não está feito segundo o mdo de vida actual]".
  • "A má arquitectura é aquela onde o espaço está condicionado. Na arquitectura pombalina o espaço pode ser apropriado de maneira mais livre."
  • "Faz parte da disciplina [Arquitectura], o cuidado com as coisas. Realçar o que já se fez com aquilo que se vai fazer".

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